segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

(Carlos Drummond de Andrade)

Ps.: Pablo Neruda disse que um verso não tem dono, ele pertence a quem precisa dele. Esse, por esses tempos agora, são meus!

domingo, 2 de agosto de 2015

Marcas que deixamos

Nós estamos condicionados a pensar que nossas vidas giram em torno apenas de grandes momentos. Todavia, os grandes momentos frequentemente nos pegam desprevenidos, e ficam maravilhosamente guardados em recantos que os outros podem considerar sem importância. E da mesma forma ocorrem com os outros momentos... As pessoas podem não lembrar exatamente o que você fez, ou até mesmo todas as palavras que você disse... Mas elas sempre lembrarão de como você as fez sentir...
(Mário Lago)

Ps.: Achei isso por aí enquanto buscava uma outra informação e achei assim, tão simples e tão profundo ao mesmo tempo... Bem a calhar para estes momentos conturbados!!!

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Clapton é mesmo Deus da Guitarra

Clapton

Agora no último mês de maio, Eric Clapton lançou o seu mais novo disco. Na verdade Forever Man é uma coletânea para homenagear a entrada de Clapton para o “Blues Hall Of Fame”, um seleto grupo que possui nada mais nada menos que B.B. King, Charlie Paton, Ray Charles, dentre outros. Veja aqui a lista completa do grupo. Mas voltando a Clapton, essa coletânea foi uma forma de homenegar um cara que realmente sabe o que faz quando está com uma guitarra na mão.

Lembro que por diversas vezes assistindo a shows dele, eu pensei; “Nossa, tocar guitarra deve ser muito fácil!”. Digo isso porque Clapton toca com uma simplicidade tão grande que realmente parece fácil – obiamente a ideia é descartada assim que pego em uma guitarra real, mesmo no rockband!

Pois bem, Forever Man é uma coletânea tripla que faz jus aos quase 30 belos anos de carreira – sem sacanagem - do guitarrista. O primeiro disco é composto pelo rock característico de Clapton, como Gotta Get Over, Run Back to Your Side e My Fathers Eyes. Há junto uma versão de estúdio para Tears in Heaven, além de alguns blues bem legais, como Riding With The King (com participação de B.B. King). Já o segundo disco possui algumas interpretações ao vivo, como Badge, Sunshine Of Love e White Room. Essas últimas contam com Jack Bruce no baixo e Ginger Baker na bateria. As músicas fazem parte de um maravilhoso show do Cream de 2010 no Albert Hall em Londres. Conta também com uma bela versão Wonderful Tonight e Over The Rainbow, além de belas interpretações da famosa Cocaine e Layla!

Já o terceiro disco são interpretações dos grande clássicos do Blues. Aqui a coisa é mais bruta, com Before You Accuse Me, Hold On, I’m Coming (novamente com B.B. King), Sportin Life Blues (com J.J. Cale) e também Sweet Home Chicago (para quem gosta de Blues Brothers) e não podemos deixar de citar Got You on My Mind.

Forever Man está sendo comercializado em versãos tripla completa e também uma versão dupla em CD e em vinil, paara os saudosistas de plantão. Pode também ser encontrado nas melhores lojas on-line do ramo e, é claro, disponível nas diversas rádios on-line da vida.

Em uma época que a ansiamos por boas músicas, mesmo uma singela coletânea é muito mais bem que vinda, ainda mais vindo do cara que realmente é o Deus da Guitarra!

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