terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Encontros e Desencontros - Parte II

 



    Faz bastante tempo que não escrevo nada aqui. Tanto que até o Google a uns dias atrás me enviou uma mensagem solicitando que eu "republicasse/alterasse" algumas postagens que agora não soam assim, "tão legais". São os novos (e sombrios) tempos, onde até simples palavras (poéticas) podem causar desconforto para alguns. Bom, mas isso é assunto para um outro post. O motivo que me levou a escrever estas singelas linhas foi algo que me aconteceu por esses dias (chama o jurídico)!
        Estava a fazer um serviço para um cliente quando alguém tocou o interfone na porta. A loja possui uma porta de vidro que fica sempre trancada. Quando alguém chega, toca-se um interfone e as pessoas da recepção abrem a porta. Bom, a pessoa ficou olhando para o interfone e como eu percebi que estava meio "perdida", disse para a moça da recepção:

        - Heim ... Tem uma pessoa ali querendo entrar!

        A pessoa entrou e dirigiu-se a recepção e, antes de falar com a recepcionista, soltou um pequeno e inaudível "oi" pra mim. Levantei a cabeça calmamente e, ao olhar com mais atenção para a ilustre figura parada na minha frente é que fui realmente perceber de quem se tratava. Ali, parada na minha frente, estava uma das pessoas que mais alegria e ao mesmo tempo mais desilusão me trouxe. A pessoa que fez (algumas?) lágrimas rolarem pelo meu rosto. A pessoa que mais admirei, que mais me apaixonei e também a que mais odiei por um momento, até cair no mais completo esquecimento e virar apenas coisas de gaveta. De tudo, ficaram alguns momentos que o Google, Microsoft e Apple insistem em me lembrar de vez em quando e uma ou duas fotos que resistiram a minha raiva na época, ao ponto de ter deletado toda e qualquer lembrança que fazia referencia a essa pessoa. Eu apaguei não por raiva e sim porque eu não mais queria lembranças, pois cada momento passado era acompanhado de uma dor no peito que só quem já se apaixonou/amou e perdeu sabe dizer.

        Não sei se o "oi" foi por educação ou mesmo surpresa por me encontrar. O fato é que faziam aproximadamente 14 anos que eu não mais sabia sobre. Sim, eu ouvia falar, como é normal nesse tipo de situação. Ouve-se amigos e conhecidos comentando de eventos da vida (velórios, casamentos, divórcios, aniversários), mas ver mesmo ou então trocar um "bom dia" que seja, não. Não ocorreu nenhum tipo de contato, por nenhum meio nesses 14 anos! E eu bem sabia que um dia isso aconteceria.  Na verdade no começo eu esperava um simples "feliz aniversário" ou "feliz natal" que nunca veio a acontecer e que um dia iríamos se esbarrar por esse pequeno mundo e qual seria a reação? Bom, eu imaginei que de início iria ficar alegre, que iria ser algo bom e que depois a realidade jogaria um balde de água fria. Mas não foi isso que ocorreu. Bom, após minha surpresa inicial (ao qual foi muito bem escondida), eu continuei a fazer o meu trabalho. Era como se aquela pessoa não estivesse ali. Tudo bem que durante o tempo não pude deixar de observar e perceber o quanto o tempo agiu com aquela pessoa. Tá, eu também estava ali com alguns (bons) quilos a mais, cabelos mais brancos, mais cansado, mais experiente. Mas a pessoa mudou bastante. Se para melhor ou pior não sei dizer, mas visualmente falando nem parecia aquela garota que um dia fui apaixonado e faria de tudo por. 

        São os encontros e os desencontros da vida, que nos fazem passar por situações que nem o mais criativo autor de novela conseguiria escrever. Mas agora, depois de algum tempo desse ocorrido, começa a passar um milhão de devaneios tolos pela minha cabeça a me torturar e um pequeno e displicente "SE" passeia tranquilamente.

0 comentários: